Relato de Atividade Cultural 5

 

O quinto encontro cultural foi realizado nos dias 18 e 19 de Outubro e seu principal objetivo era a realização de uma intervenção artística na escola, feita pelos alunos, por meio da pintura, usando a técnica do stencil (com moldes nos formatos das peças do kit de robótica).

 

Conceitos do quinto encontro

 

Os principais conceitos trabalhados neste encontro estão relacionados a linguagem da pintura com stencil:

  • Técnicas de pintura usando um stencil
  • Adequação dos instrumentos no uso do stencil (quando usar o pincel e quando usar o rolinho)
  • Escolha de cores - composição de uma paleta de cores (harmonia entre as cores que vão conviver na estampa), cores contrastantes entre figura e fundo, uso de cores variadas em cada elemento
  • Composição de estampa - repetição e posicionamento do stencil

 

Etapas do quinto encontro

 

Começamos o encontro retomando o que havíamos feito no encontro anterior. Alguns se lembraram mais das fotos e outros mais da pintura.

Lhes convidei a pensar na experiência de pintura e lembrei-lhes da referência que havia mostrado: o trabalho desenvolvido pela artista Monica Nador em seu projeto JAMAC, na comunidade do Jardim Miriam (foto abaixo).

 

 

Mostrei os stencils que eu havia feito em acetato a partir dos moldes que eles fizeram em papel no encontro anterior. E em seguida expliquei como funcionaria a dinâmica do encontro: escolher um molde, fixar na parede, escolher uma cor de tinta e iniciar a pintura com um pincel nos cantinhos e depois com um rolinho. E ao finalizar a pintura, deveriam limpar o molde e disponibilizá-lo a outro colega.

 

Na primeira turma, além disso, preparamos também as tintas, adicionando na tinta-base, de cor branca, as outras cores. Os alunos gostaram bastante desta alquimia. Nas turmas seguintes, eles também demonstraram curtir esse momento ao criar novas cores baseadas nas tintas com cores primárias preparadas pelo primeiro grupo.

 

Ao longo da atividade, fui falando sobre a importância de compormos o painel considerando cada intervenção já feita no espaço: adicionar cores e formas variadas, olhando para cada elemento que estaria ao lado do que pintaria.

 

Participação dos grupos

 

Os alunos demonstraram facilidade em lidar com tal linguagem. Às vezes usavam mais tinta do que eu havia indicado, e assim faziam uma ou outra forma borrada, mas logo buscavam corrigir isso, fazendo de forma mais cuidadosa.

 

Eles também demonstraram comprometimento em criar algo harmonioso. Alguns se preocuparam em pintar as paredes, que estavam sujas, antes mesmo de fazermos nossas intervenções, mas lhe expliquei que não daria tempo de secar a tinta e então pintarmos com o stencil, então disseram que iam pintar ao menos alguns cantinhos mais sujos. Outros quiseram pintar e arrumar os elementos que apresentavam borrões.

 

Nas turmas de segunda-feira, que eram menores, a dinâmica foi mais tranquila, eles inclusive quiseram parar de pintar antes mesmo de acabar o horário da oficina. Já na terça, com as turmas maiores, foi bem mais difícil controlar os procedimentos e o trabalho foi mais caótico, algumas pintura não foram feitas de modo tão cuidadoso, o chão ficou sujo, os moldes não eram limpos de modo adequado e quando eram afixados manchavam a parede, enfim, alguns pequenos descuidos aconteceram comprometendo a estética mais "limpa", que estava sendo construída no dia anterior.

 

Achei curioso que em todos os grupos os alunos se envolveram com a pintura de modo que ela me pareceu ter efeito terapêutico. Eles passaram a conversar, trazendo questões pessoais, me pedindo conselhos, discutindo aspectos de relacionamentos, sexualidade, trabalho, situações familiares, entre outras.

 

No geral, eles disseram gostar do resultado. Alguns dos alunos que participaram e ocupam tal espaço com o clube de origami semanalmente disseram que estavam curtindo porque iam deixar o cantinho deles mais bonito.

 

 

 

O local selecionado era um pouco pequeno para estas turmas maiores, então precisaram acontecer alguns revezamentos. Me preocupei se os alunos que não estivessem pintando se sentiriam ociosos ou desistiriam de participar, mas em geral eles saiam andando pela escola e depois voltavam.

 

A escolha deste local foi uma adaptação de nosso planejamento inicial, que contava com áreas externas e dois espaços, exatamente para distribuir de forma mais adequada todos os participantes, mas com o dia chuvoso tivemos que adaptar.

 

De modo geral enxergo que foi uma boa escolha o local, apesar das dificuldades que vivenciamos, pois houve também uma questão com parte da parede em que estávamos pintando (havia uma infiltração que escorria água constantemente durante toda a segunda-feira, os alunos pintavam e a tinta escorria. Na terça não choveu tanto, mas a parede não estava seca, ainda sim os alunos pintaram este pedaço e deu certo).

 

Muitos alunos que não participam do projeto ficaram curiosos com o movimento no local e com a pintura em si, eles perguntavam aos colegas que estavam pintando o que faziam ali e observei que eles não sabiam dizer ao certo e nem qual a relação desta atividade com as oficinas de robótica, a não ser a ligação com as formas que pintavam. Alguns destes alunos curiosos também quiseram pintar e deixei, nos momentos mais tranquilos, que fizessem um outro elemento, colaborando com nosso painel.

 

Nestes encontros senti falta de ter alguém que pudesse me auxiliar em certas demandas. Quando os alunos saiam para limpar pincéis e rolinhos, eles sujavam o banheiro e a faxineira vinha me avisar que eles estavam aprontando, assim como quando eles estavam fazendo revezamento para pintar e alguns saiam pela escola me dizendo que iam lanchar, alguns funcionários da escola vinham reclamar que eles não podiam ficar perambulando, mas eu não consegui dar atenção aos cuidados da oficina e mais estas situações.

 

Por isso estou pensando na dinâmica do próximo encontro de modo a minimizar este tipo de acontecimento, mas já sei que terei que me dividir em três espaços, pois em dois estarão acontecendo a colagem dos lambes e um terceiro será necessário, pois os espaços de colagem não acomodam todos os alunos de cada grupo em ação .

 

Luciana Nobre (Coordenadora Pedagógica Cultural)