O quarto encontro cultural foi realizado nos dias 20 e 21 de Setembro e seu principal objetivo era que os alunos realizassem fotografias para a produção de lambe-lambes a serem aplicados na escola.
Além disso, realizamos estudos de moldes, composições e cores para a produção de estampas criadas a partir das peças dos robôs.
Conceitos no quarto encontro
- Reflexão: Relação dos humanos com os robôs
- Encontramos robôs em nosso cotidiano?
- Como vocês veem a presença dos robôs em nossa vida?
- Que relações vocês enxergam entre robôs e o corpo humano?
- Montagem:
- Como posso usar essas peças do kit de robótica para traduzir as minhas percepções sobre a convivência de humanos e robôs?
- Formas, cores, composição
- Fotografia:
- Como posso usar a fotografia para registrar a peça que criei?
- Como posso compor uma imagem fotográfica relacionando a peça que criei e o corpo humano?
- Enquadramento, Planos, Figura e fundo, Iluminação
- Stencil:
- O stencil como uma forma de arte urbana - relações do stencil com o lambe-lambe
- Técnicas para a execução de um stencil
- Pintura:
- Técnicas de pintura usando um stencil
- Escolha de cores - cores contrastes entre figura e fundo
- Composição de estampa - repetição e posicionamento do stencil
Etapas do segundo encontro
Começamos o encontro com uma conversa sobre o que os alunos lembravam de nosso encontro anterior, retomando alguns conceitos de fotografia que havíamos estudado e experimentado.
Em seguida, lhes convidei para, mais uma vez, realizarem fotografias, mas desta vez de um modo diferente, não observando um ambiente, mas sim um objeto. E um objeto que eles construiriam.
Tal objeto deveria ser criado com as peças que comumente usam nas aulas de robótica e ele deveria traduzir alguns dos sentimentos que eles têm em relação a nossa convivência com os robôs.
Evidenciei a diferença com que eles deveriam olhar para aquele material durante esta atividade, já que durante as oficinas de robótica cada peça tem uma função específica, com a qual não se pode usar de modo diferente, pois faria com que o robô não funcionasse. mas agora, os aspectos estéticos e formais deveriam ser levados em conta.
E então rapidamente os alunos foram criando algumas peças, em pequenos grupos ou individualmente. E durante a criação, fomos conversando sobre como eles enxergam a relação que estabelecemos com os robôs em nosso cotidiano.
Algumas das afirmações ditas durante as conversas:
"Os robôs nos ajudam, às vezes eles fazem coisas que a gente não consegue fazer"
"Eu tenho medo que os robôs nos substituam em coisas que a gente poderia fazer"
"Eu não tenho medo dos robôs, mas não queria que eles roubassem empregos dos humanos"
"Eu acho que um dia eles vão dominar o mundo e não vai mais ter espaço pra gente"
"Eu acho que é besteira ter medo dos robôs porque eles não tem cérebro, eles não são como zumbis ou aliens que podem querer nos matar"
"Os robôs não querem nos substituir"
"Mas alguns humanos querem nos substituir por robôs"
Com relação a esta substituição ou talvez inspiração em nosso corpo para a criação de robôs, fomos lembrando de projetos que realizaram nas oficinas de robótica que "imitavam" estruturas animais, mas alguns foram lembrando de projetos, como a garra e o braço arremessador que acreditavam ter o corpo humano como referência.
O perfil das peças criadas foi variado, e em cada grupo apareceu uma certa maneira de olhar para este tema. Em geral, como de costume quando se trabalha em um ambiente de ateliê, os primeiros a elaborar acabaram influenciando o olhar dos outros que os seguiram pela mesma linha de raciocínio. Alguns exploraram estruturas relacionadas às formas das partes do corpo, outros reproduziram a estrutura de um corpo, outros imaginaram robôs que seriam usados em nosso corpo.
Após montarem suas peças, os alunos se organizaram para fazer fotografias de suas criações, pensando em grupo ou em dupla sobre o conceito da imagem, já que eu havia lhes dito que a proposta era colocar o robô interagindo com um corpo humano de alguma forma. Eles se separaram em funções: alguns apareceram na foto, outros cuidaram da ambientação e outros fotografaram.
Durante a realização das fotos os lembrei de considerações do encontro anterior: o fundo, o enquadramento, a iluminação e os incentivei a explorarem diferentes ângulos.
Estas são algumas das fotos realizadas:
Porém, a execução destas etapas, em todos os grupos foi bem rápida. Durante o planejamento imaginei que a discussão sobre a relação dos robôs e dos humanos tomaria uma boa parte de nosso tempo, e além de realizá-la junto a realização das peças, ela não foi tão aprofundada como havia imaginado, por isso optei por dar mais uma proposta para os alunos, adiantando o que havia imaginado para o próximo encontro.
Em todos os encontros os alunos me perguntam se vamos usar tinta e dizem adorar trabalhar com pintura. E então, em conexão com a ideia de usarmos lambes, que é uma expressão de arte urbana, me lembrei dos stencils, que é uma técnica que utiliza tinta ou spray e também adorna paredes e outros diferentes suportes.
Mostrei-lhes algumas imagens do trabalho desenvolvido pela artista Monica Nador em seu projeto JAMAC, na comunidade do Jardim Miriam. E então sugeri que mais uma vez eles olhassem para as peças dos kits de robótica e escolhessem uma ou algumas para criarem um stencil.
Eles desenharam as peças e alguns até criaram composições simples se inspirando no logo do projeto, mas tiveram certa dificuldade na hora de recortar, não só porque o material que disponibilizei (papel cartão e tesoura sem ponta) não era ideal para tal tarefa, mas também porque não haviam compreendido aspectos técnicos do stencil, mas fui auxiliando para que entendessem quais partes do desenho deveriam ser vazadas sem perder a forma desenhada.
Alguns grupos conseguiram usar os stencils e fizeram estudos de cores e composição de estampas usando os moldes sobre papéis coloridos e tinta guache.
Questões logísticas do encontro
O local destinado à oficina, a sala de leitura, foi adequado para boa parte dos grupos. Fiquei preocupada de propor uma pintura neste espaço, mas os alunos foram cuidadosos e foi simples limpar as mesas que tinham resquícios de tinta.
Apenas na terça-feira, durante a oficina que acontece das 9h45 às 11h15, em que as turmas 05 e 07 participam juntas, o espaço acabou sendo pequeno: não acomodou bem todos alunos e nem permitiu que respeitássemos os protocolos de distanciamento.
Isso aconteceu porque, pela primeira vez, praticamente todos os alunos deste horário participaram. Porém, não sinto necessidade de rever a junção das turmas, já que esta organização é melhor para a escola, e também porque as próximas atividades estão planejadas para acontecer em espaços maiores e externos.
Participação dos grupos
Os grupos se envolveram bastante com as duas propostas. Resolveram com praticidade a primeira atividade, sem a profundidade de reflexão que eu desejava, mas trouxeram suas próprias visões sobre questões que lhes provoquei a pensarem.
Já na segunda atividade ficaram animados em poder mexer com os materiais que tanto queriam usar: as tintas e os pincéis. Se mostraram empolgados em realizar as etapas, mas ficaram um tanto desanimados com a tarefa de cortar os stencils (eles acharam bastante difícil, especialmente aqueles que fizeram desenhos complexos e não formas simplificadas como havia lhes explicado). Alguns também não gostaram do resultado das pinturas, pois o guache utilizado não tem boa cobertura e deixa a marca das pinceladas, mas ao criarem as estampas, repetindo as formas dos stencils, curtiram o efeito que conseguiram.
Não cheguei a falar sobre pintarmos as paredes da escola, lhes disse que no próximo encontro iríamos definir o suporte em que realizaríamos as estampas, mas acredito que ficaram bem empolgados com esta possibilidade.
Luciana Nobre (Coordenadora Pedagógica Cultural)